Matinta é uma velha feiticeira de aspecto assustador com cabelos compridos e bagunçados que se cobre de trapos pretos. Não se sabe ao certo sua origem. Sua existência está associada a uma maldição: quando está para morrer, ela pergunta “quem quer?”, e se alguém responder que sim, essa pessoa recebe a maldição de se tornar a Matinta. Em geral, essa praga é passada a mulheres gananciosas e abastadas que pensam que a oferta se trata de joias ou dinheiro. Pela manhã, aparece como uma senhora pobre que mendiga por fumo pelas ruas do Rio de Janeiro; de noite transforma-se em um pequeno pássaro preto, cujo assobio agudo e alto é sinal de mau-agouro. Caso seja enganada, Matinta se vinga e seus poderes podem causar dores ou doenças. Além disso, cantará todas as noites na casa dessa pessoa até que a dívida seja paga.
O projeto visa o desenvolvimento de uma história em quadrinhos focada na vivência desse personagem folclórico pelas ruas do Rio de Janeiro atual. Foram usadas como referências gráficas as xilogravuras do Movimento Armorial, iniciativa artística cujo objetivo era fazer arte erudita a partir de elementos da cultura popular nordestina.
A história pode ser associada à noção de experiência narrativa, trazida por Walter Benjamin em O Narrador, na medida em que retrata uma personagem folclórica no Rio dos dias atuais, tendo como enfoque uma crítica à ganância das elites, e traz a realidade daqueles que são sujeitos a morar nas ruas.